Mamã Aya

Hoje, na manhã seguinte, sinto-me dormente, não fisicamente mas mental e emocionalmente. 

Não tive nenhum ‘insight’ no que toca às minhas relações e outras dimensões da minha vida mas tive-os num sentido filosófico, metafísico, com vislumbres da essência da realidade, energia, tempo e da vida.

Senti-me bêbado mas não realmente, é diferente, não perdi a noção do mundo à minha volta mas reforcei o meu estado de consciência… e a ressaca não existe.

Mergulhei em fractais; deslumbrei-me com cores e geometria sagrada; chorei com a beleza e sem razão aparente; ri-me que nem um perdido com a lembrança deste golo do Rui Costa… enfim, arte é arte; e conectei-me com o (tornei-me no) solo e vegetação — se dúvidas havia, já não existem: o meu espaço, a minha missão, é no quintal, não no escritório.

Pensei nos meus filhos, sorri e chorei, amo a minha família.

Ayahuasca é uma planta poderosíssima, uma conduta para a ‘Source’, para a essência da realidade, que transporta a nossa a percepção bem além da realidade dos 5 sentidos, para um estado orgânico de consciência pura.

É o preconceito da programação que recebemos de um mundo “moderno e desenvolvido” que nos leva a desdenhar e vilificar esta medicina pura, natural e milenar. 

É uma medicina que nos mostra e ensina aquilo que precisamos, não o que queremos… e às vezes, aquilo que precisamos é a antítese do que queremos. 

Quando administrada e amparada por quem sabe (ao contrário de certas neo-terapias), é comprovadamente segura e eficaz. 

Preparei esta viagem com 1001 intenções mas no fim rasguei a lista e deixei a Mamã Aya decidir o meu caminho.

Mostrou-me o potencial que existe em cada um de nós para a realização de que somos todos e tudo, Um!

Condicionados pela nossa programação profunda (dum mundo que nos quer obedientes e estandardizados desde tenra idade) e 5 sentidos limitados e limitativos (que não deixam de ser uma benção mas que nos dão a percepção de separação), não conseguimos, nem queremos, largar as dualidades da nossa existência — que nos regem, consomem e afastam — e abraçar, interiorizar, viver e ser o Ser de luz que realmente somos; a unidade que faz de ti eu, eu tu e nós tudo e todos.

E se eu sou tu e tu és eu, então causar-te mal é causar-me mal; e se somos todos e tudo Um, dar é receber e eu obtenho aquilo que quero, dando-o.

O ‘Eu’ noutrem mostra-me que os anjos existem, que nunca estamos sozinhos e que basta ir para dentro para o confirmar.

Onde eu começo e tu acabas é indiscernível; sem dualidade, o conceito de infinito torna-se menos conceptual.

Aprendi que o medo (e.g. da doença) e a culpa (e.g. de a transmitir a outrem) são sentimentos de baixa frequência que se manifestam fisicamente de forma patológica; aprendi que um grupo de indivíduos com abertura, disponibilidade, gratidão e amor aumentam a frequência — um espaço onde a doença não consegue entrar; um espaço onde o todo é infinitamente maior que a soma das partes.

A noção de tempo, como nos é ditada pelo relógio e calendário, é posta à prova e deixa de fazer sentido, o passado e futuro são eternamente contemporâneos e só existem no presente.

No tempo que dura uma nota musical, mil vidas são vividas… foram, serão; mil e um acordes são saboreados num instante.

Um ramo que afinal não o é, mas sim um lobo que uiva uma nuvem espessa que corre. As texturas da vegetação com padrões não aleatórios; cores que têm cheiro; sons com sabor e textura; o carinho de uma árvore; o abraço do solo em pés descalços; mãos próprias, envelhecidas, alheias e sábias.

Lágrimas não solicitadas, assuadas em gritos mudos, escorrem numa máscara usada, descartada, reciclada e que é reutilizada num rosto mudado onde já não encaixa.

Parafraseando uma co-viajante, a vida é mágica, mas essa magia só pode ser realmente experienciada quando há confiança e entrega/rendição. 

É o negar da nossa intuição e do conhecimento ancestral que trazemos nas células do nosso corpo que nos impede de brilhar, de reconhecer a nossa magia, que somos seres de luz!

O trabalho começa agora, como implementar as aprendizagens num mundo 3D, onde impera o materialismo definido pela percepção separatista dos 5 sentidos?

Amor! Amor! Amor! A mais alta das frequências, a resposta para tudo!

É para repetir, ainda tenho tudo para aprender!

Diogo

11 Outubro 2022

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