Toquei-me. Já duas pessoas que prezo e admiro, me confessaram o seu desprazer para com escritos recentes; fizeram-me saber o quão negativo, disfemista, furioso até, consideram o seu tom.
Fui criticado de só criticar; de não solicitar o processo construtivo; de não propor as soluções que levam a um resultado mais positivo, equilibrado, justo e harmonioso.
Há mérito na acusação. Ando preocupado com uma série de merdas; incrédulo; zangado; furioso até, impedido que estou de cheirar a Zambujeira e os avós os netos.
.
Sobre Pensamentos e Emoções
A origem de sentimentos desta natureza é igual às demais — nasce da dança entre emoções e pensamentos em que pensamentos geram emoções, emoções pensamentos e vice-versa ad infinitum.
Alimentam-se um do outro. Simbióticos, tornam-se indistinguíveis na sua dinâmica causa-efeito — Qual deles é a ‘first cause’ nesta relação circular?
Sendo-me mais intuitivo aceitar que pensamentos geram emoções, de onde vêm os pensamentos?
Não faço ideia (se calhar flutuam por aí à procura de abrigo), mas emoções que geram pensamentos fazem-no no mesmo comprimento de onda — emoções positivas geram pensamentos positivos e vice-versa.
Ilustro-os numa dupla hélice rodando sobre o seu eixo, onde o sentido de rotação dita o caminho que tomamos: ora nos elevamos, aproximando-nos do Divino, ora nos afastamos.
Emoções e pensamentos arranjam sempre maneira de se manifestarem — seja a um nível celular (onde ora convidam à doença, ora promovem a homeostase); seja numa escrita indignada, agressiva, acusatória, incendiária, irada, incrédula, exasperada, desesperada e mais uma série de caras que tenho.
Estas e piores.
Cada uma delas uma faceta humana: inevitável; inapagável; inalterável; que não se deixa esquecer; e que exige (sob pena de sofrimento imenso) o seu espaço para se manifestar — qual outlet do processamento de emoção. Ou serão pensamentos?
Despido de awareness, facilmente valso num loop de crescente negatividade (cujo culminar creio ser um sentimento de desespero profundo e absoluto, amovível e imbatível) onde a intensidade do sentimento aumenta com o número de iterações emoção-pensamento, pensamento-emoção.
Vestido de awareness (que às vezes, mais não é que uma palavra que toca) mais facilmente me apercebo da qualidade dos meus pensamentos; mais facilmente identifico (fisicamente) onde me afectam; mais facilmente os direcciono no sentido desejado, assim condicionando a qualidade da emoção que se segue.
.
Toquei-me. Reconheço-me uma prevalência de desabafos indignados ao invés de responder a perguntas mais responsabilizadoras, construtivas e empoderadoras.
.
Modelos da Realidade
Cada um de nós tem a sua percepção da realidade e é na verdade daí originada que produzimos 3 modelos:
1) o que ‘é’;
2) o que ’deveria ser’; e
3) como transformar um no outro.
1) A minha interpretação do que ‘é’ tem-se focado muito naquilo que vejo como mais nocivo e limitativo àquilo que ‘deveria ser’.
Continuo incrédulo (furioso até) com o que vejo, com o mundo mais desumanizado que se está a vestir para a minha canalha.
Mas o que a gente precisa mesmo é de sonhar; pensar em voz alta; imaginar, dizer e fazer disparates; experimentar ideias, pô-las à prova, testá-las, medi-las, ridicularizá-las; precisamos de criatividade, acima de tudo, precisamos de curiosidade e imaginação.
Tendo isto, não precisamos de esperança para nada.
2) A minha definição do que ‘deveria ser’ é simples: acesso universal às condições que maximizam a probabilidade de realização do potencial máximo da experiência humana. (sim, é para reler)
3) Os poetas é que a sabem toda, para construir a ponte entre o que ‘é’ e o que ‘deveria ser’, o sonho é a melhor matéria-prima.
Sonhei que era o chefe-máximo, presidente, rei, imperador, líder supremo, de um planeta igualzinho ao nosso. Acordei num pânico suado!
Há dias que não durmo, a ruminar numa única questão: “Que medidas é que vou implementar quando lá voltar?”
Hoje vou adormecer sem receio, já sei o que fazer!
No Meu Planeta… a primeira coisa que vou fazer é incentivar a ociosidade.
.
P.S. Obrigado, Gordinho!
P.S.2 Piu!